terça-feira, 26 de julho de 2011

Einsam und traurig...



"Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.

Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio,
e a dor é de origem divina.

Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo."

Cecília Meireles, Serenata, in http://www.revista.agulha.nom.br/ceciliameireles01.html

domingo, 24 de julho de 2011

Und so war gestern...


"Du bist vom Schlaf erstanden
Und wandelst durch die Au,
Da liegt ob allen Landen
Der Himmel
wunderblau.

Solang du ohne Sorgen
Geschlummert schmerzenlos,
Der Himmel bis zum Morgen
Viel Tränen
niedergoß.

In stillen Nächten weinet
Oft mancher aus den Schmerz,
Und morgens dann ihr meinet,
Stets fröhlich sei sein Herz."
Justinius Kerner, Stille Tränen, Die lyrischen Gedichte (in http://gedichte.xbib.de )

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Am Freundtag



"ouve a voz do outro como se fosse a tua

ouve a voz de todos como se fosse única

ouve-as todas à uma
alternadamente
como se te estivesse na cabeça desde o princípio dos tempos

ouve-a como se te tivesse sido soletrada no útero por uma placenta rarefeita que deixava passar os [lamentos

ouve o de cada um como se te dissesse respeito

ouve o de cada um como se tivesses respeito

e dá-lhes o benefício da dádiva se não entenderes à primeira por falarem a língua que te parece [desorientada porque as papilas sentiram o agridoce e perderam a coerência

ouve o mundo como se estivesse dentro da tua cabeça e deixa que todos possam parar os sussurros

deixa que todos berrem
ainda que te doam os pregões
as rezas e as injúrias

ouve-os como quem lê e discerne-os lentamente na multidão dos ruídos

e tenta não ser igual para todos mas igual para cada um

e deixa que gritem o teu nome ao ouvido em línguas diferentes
com sotaques diferentes e entoações diferentes

e
por favor
entende-os a todos
sê justo para todos mesmo que no fundo saibas ser impossível"

João Negreiros, o benefício da dádiva, in luto lento  (http://joaonegreiros.blogspot.com/2009/12/o-beneficio-da-dadiva.html)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Einsame Wege 2



"e vemo-nos nos dias em que o ouvido interno encontra o equilíbrio na voz dos pássaros"

João Negreiros, moro em ti que tem cidades que cheguem, in http://joaonegreiros.blogspot.com/2010/03/moro-em-ti-que-tem-cidades-que-cheguem.html

Ich darf nicht schreiben...



"Warum ich wieder zum Papier mich wende ?
Das mußt du , Liebster , so bestimmt nicht fragen:
Denn eigentlich hab ich dir nichts zu sagen;
Doch kommt's zuletzt in deine lieben Hände.


Weil ich nicht kommen kann , soll , was ich sende,
Mein ungeteiltes Herz hinübertragen
Mit Wonnen , Hoffnungen , Entzücken , Plagen:
Das alles hat nicht Anfang , hat nicht Ende.


Ich mag vom heut'gen Tag dir nichts vertrauen,
Wie sich im Sinnen , Wünschen , Wähnen , Wollen
Mein treues Herz zu dir hinüberwendet:


So stand ich einst vor dir, dich anzuschauen,
Und sagte nichts. Was hätt ich sagen sollen?
Mein ganzes Wesen war in sich vollendet."


J. W. Goethe, Die Liebende schreibt, in http://goethe.lingvisto.org/getpoem.php?id=22

domingo, 17 de julho de 2011

Wie Blumen im Grab...



"Letzte Rose, wie magst du
So einsam hier blühn?
Deine freundlichen Schwestern
Sind längst, schon längst dahin.
Keine Blüte haucht Balsam
Mit labendem, labendem Duft,
Keine Blätter mehr flattern
In stürmischer Luft.


Warum blühst du so traurig
Im Garten allein?
Sollst im Tod mit den Schwestern,
Mit den Schwestern vereinigt sein.
Drum pflück ich, o Rose,
Vom Stamme, vom Stamme dich ab,
Sollst ruhen mir am Herzen

Und mit mir, ja mit mir im Grab."

Friedrich von Flotow, Letzte Rose, in http://www.callamagazine.com/de/literature/poem.asp?ID=323&sort=title

sábado, 16 de julho de 2011

Einsame Wege 1



     "O bobo estendeu-se do outro lado do corredor, frente à menina, e levantava-se de vez em quando para lhe secar as lágrimas. Ali, deitado entre palha e gemidos, compreendeu de repente a razão de continuar ele quando todos a tinham abandonado. Soube então o que não tinha sabido responder ao irmão Elias. Ia porque necessitava compreender a dor do mundo, esperar contra toda a esperança, nem sequer a esperança de que existisse um Deus, pois aquilo era na verdade o acto de caridade maior que podia fazer um homem: agir por amor, nem mais nem menos, que fazer o bem à esoera de uma recompensa, mesmo que seja o céu, é a tarefa leviana, e o difícil é semear no deserto apenas para que a areia goze e sinta...

      (...)

     Não abandonaria a menina. Continuaria com ela até que chegasse o milagre e, se não chegasse, esperaria ao seu lado até à morte."

Basilio Losada, A Peregrina, Lisboa: Editorial Teorema, 2001, pp. 166-7

Abschied 3



"Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.

É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das caras e dos dias.

Tu és melhor - muito melhor!
Do que tu. Não digas nada. Sê
Alma do corpo nu
Que do espelho se vê. "


Mário Cesariny, in http://www.astormentas.com/cesariny.htm

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Wenn nur...



"Estava uma linda manhã. Um sonho, que se dissipou quando acordei, tinha aberto uma comporta, uma sensação de bem-estar inundou-me toda, sem razão, mas é sempre assim."

Christa Wolf, Medeia.Vozes, Lisboa: Cotovia, 1996, p. 161