sábado, 30 de setembro de 2017

Ich...









"eu ostra cismo

cá com minhas pérolas

.

.

.

cacos no abismo"



José Eduardo Agualusa, Teoria Geral do Esquecimento, Lisboa: Publicações D. Quixote, 2012, p. 85

So gefragt...








"Hoje não aconteceu nada. Dormi. Dormindo sonhei que dormia.
Árvores, bichos, uma profusão de insetos partilhavam os seus
sonhos comigo. Ali estávamos todos, sonhando em coro, como uma
multidão, num quarto minúsculo, trocando ideias e cheiros e carícias
Lembro-me que fui uma aranha avançando contra a presa e a mosca
presa na teia dessa aranha. Senti-me flores desabrochando ao sol,
brisas carregando pólenes. Acordei e estava sozinha. Se, dormindo,
sonhamos dormir, podemos, despertos, acordar dentro de uma
realidade mais lúcida?"


José Eduardo Agualusa, Teoria Geral do Esquecimento, Lisboa: Publicações D. Quixote, 2012, p. 41

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Seltsamkeit







"Estranho fruto é a morte
suportando-se, frágil,

por linha vegetal imperfeita,
na pesada árvore

que não vemos,
que não veremos,

que não queremos ver,
nunca, nunca."


                                                                                 Luís Quintais, "Here is a strange and bitter crop", in depois da músicaLisboa: Tinta da China, 2013,  p. 48

Erschaffung






"Fazer justiça
 à vertigem
 do mundo."

Luís Quintais, "Poesia", in depois da músicaLisboa: Tinta da China, 2013,  p. 68

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Geburtstagswünsche





"É apenas mais um dia na terra, dizes, e apresso-me de encontro à menoridade de todos os começos: lírica, escura, pressurosa métrica tomada de assalto pela luz de Inverno sobre o vidro da mesa."


 Luís Quintais, "Mesa", in despois da música, Lisboa: Tinta da China, 2013, p. 7



sábado, 9 de setembro de 2017

Zauberwort





"Que pena eu nunca ter tido a coragem de lhe dirigir essa palavra mágica."

Fredrico Lourenço, Amar não acaba, Lisboa: Edições Cotovia, 2004, p.  37

Gedämpft






"Gonçalo

    Pelo que há de mais sagrado, senhor,
    Porque ficastes assim a olhar tão fixamente?"

William Shakespeare, "A Tempestade, seguido de O Mar e o Espelho de W. H. Auden", Cotovia: Lisboa, 2009, p.  103

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Lektion 3







"(...) atravesso o passado como alguém que apanha espigas nos campos de restolho quando o dono do campo já fez a colheita."

                                                                                                            Friedrich Hölderin, Hipérion ou o Eremita da Grécia, Lisboa: Assírio & Alvim, 1997:30

Lektion 2







"Nada viveria se não houvesse esperança. O meu coração guardou agora os seus tesouros, mas apenas para os poupar para tempos melhores, para o ser único, santo fiel, que com toda a certeza, em qualquer período da existência, haveria de vir ao encontro da minha alma sequiosa."

                                                                                                                     Friedrich Hölderin, Hipérion ou o Eremita da Grécia, Lisboa: Assírio & Alvim, 1997:40

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Lektion 1





"Aprende também a ter um pouco de paciência!"

Friedrich Hölderin, Hipérion ou o Eremita da Grécia, Lisboa: Assírio & Alvim, 1997:36

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Ein neuer Anfang






"Contudo, a fada desvanece-se quando nos aproximamos da pessoa real a quem corresponde o seu nome, pois o nome começa então a refletir essa pessoa, e ela não contém nenhuma coisa da fada; a fada pode renascer se nos afastarmos da pessoa; mas, se ficarmos junto dela, a fada morre definitivamente, e com ela o nome (...)"

Marcel Proust, Em busca do Tempo Perdido - O Lado de Guermantes I, Mem Martins: Edições Europa América, s.d., p. 12