domingo, 14 de outubro de 2012
Sonntags
numa tarde de domingo,
num parque qualquer de uma tarde de domingo,
deito-me na relva com o corpo enrolado
como se fosse uma colher metida no guarda-
napo. A tarde limpa os beiços com esse
guardanapo de flores, que é o meu vestido
de domingo, e deixa-me nua sob o sol já frio
do outono de uma cidade que pode ser
Munique, Londres, Paris, ou outra qualquer,
como Veneza que não conheço.
As árvores olham para outro sítio,
com os pássaros distraídos com o sol
que está naquela tarde por engano. E eu,
com os dedos presos na relva húmida, vejo
o meu vestido voar, como um guardanapo,
por entre as nuvens brancas de uma tarde
de outono.
(Leituras românticas de "Tempo Livre" de Nuno Júdice)
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