"relembramos pessoas e pensamos em como foi, afinal, tão fácil vivermos esquecidos delas e como se torna tão cruel que assim seja. vemos os seus retratos, recordamos a simpatia dos momentos em que coincidimos, e depois medimos a distância a que estamos desses momentos, dos sentimentos e, sobretudo, da memória. e percebemos que não nos recordaríamos daquela pessoa não fora o acaso de a reconhecermos naquela definição horizontal, já sem poder escapar. e o que será isso senão uma crueldade dos caminhos da vida. uma crueldade do deve e haver da vida. uma crueldade do comércio afectivo de que somos capazes. incapazes de conservar tudo e todos, incapazes de sermos por tudo e de sermos por todos."
valter hugo mãe, a máquina de fazer espanhóis , Editora Objectiva, 2013, p. 121
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