"Sabia que se não superasse o seu defeito, que a obrigara a usar um aparelho de aço até aos dez anos, ia ter que suportar que a reduzissem a uma matéria inanimada, como um fantoche. Foi desenvolvendo o espírito de exibição escandalosa, para proibir ameaça da maldade humana pronta a lançar-se sobre o objecto de riso, a sua deformidade.
Aos dez anos, os médicos mandaram retirar o aparelho de tortura. Ema não quis olhar a perna, ligeiramente mais delgada e mais curta."
Agustina Bessa-Luís. Vale Abraão. Lisboa: Guimarães Editores, 2005, p. 223
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