quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Schmerz



"A vida é sacana - não é, sobretudo, aquilo que nos ensinaram e disseram que era. Um dia, quando nos sentimos morrer, veremos como é disparatado saber que tudo vai acabar. Precisamente quando tínhamos descoberto uma qualquer felicidade, ou alguém com quem poderíamos, enfim, falar. Passamos a vida numa espécie de silêncio, mudez terrível que se quebra, somente de quando em quando, diante da beleza de certas coisas que nos disseram. Mas o homem é silencioso, e muito pouco coisa bela me é dirigida. Mas procura-a a vida inteira e ao morrer tem sempre a impressão que a encontrou. É tarde. O medo, o grande medo que se confunde à serenidade, devora-o. E não pode voltar atrás."


Al Berto, Diários, Lisboa: Assírio & Alvim, 2012, p. 324

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