"Estou só - estás só. Não penses. Não fales. És em ti apenas o máximo de ti. Qualquer coisa mais alta do que tu te assumiu e rejeitou como a árvore que se poda para crescer. Que te dá pensares-te o ramo que se suprimiu? A árvore existe e continua para fora da tua acidentalidade suprimida. O que te distingue e oprime é o pensamento que a pedra não tem para se executar como pedra. E as estrelas, e os animais.Funda aí a tua grandeza se quiseres, mas que reconheças e aceites a grandeza que te excede. Há uma palavra qualquer que deve poder dizer isso, não a sabes - e porque queres sabê-la? É a palavra que conhece o mistério e que o mistério conhece - não é tua. De ti apenas o silêncio sem mais e o eco de uma música em que ele se reabsorva. (...) O dia acaba devagar. Assume-o e aceita-o. É a palavra final, a da aceitação."
Vergílio Ferreira, para sempre, Lisboa: Bertrand Editora, 2001 , pp. 305-6
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