"Chegaram por fim à Capela dos Milagres, onde estava enterrado o corpo de Santo Amador. No altar venerava-se a imagem da Virgem Negra, com o Menino ao colo.
(...) A menina, a seu lado, era como um passarinho depenado. Chorava, com os olhos cravados na imagem da Virgem. Os seus lábios moviam-se numa súplica. Tentava mover os braços, mas nada indicava que o milagre se fosse tornar realidade. Deixou-se cair até tocar o solo com a fronte e assim esteve durante muito tempo, enquanto as lágrimas humedeciam a lousa como uma chuva mansa. (...)
Passaram ali os três várias horas. Iam entrando mais peregrinos. E outros saíam, cabisbaixos. (...) A princesa estremecia e não afastava os olhos da imagem santa, que parecia observá-la impassível. Caiu a escuridão e ainda continuavam ali os três, em silêncio. E durante quase toda a noite esperaram o milagre.
E o milagre não veio. Quando ainda não tinha amanhecido, desceram a Via Sacra em silêncio. O bobo carregava a menina como adormecida. (...) Um infeliz, perdida toda a esperança, blasfemava num sussurro. A menina gemia agora de medo e desencanto."
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