"Um dia, num tempo já perdido da memória, o vento não suportou mais a solidão quando corria pelos ares a olhar para o mundo lá em baixo. Estava cansado de fazer andar as nuvens e espanar o pó das árvores sem ter companhia.
Olhava para todos os seres que viviam no chão e ficava com vontade de ter quem pudesse acompanhá-lo; alguém que não tivesse medo das alturas e que fosse com ele céu acima.
Ele via as criaturas que se rodeavam umas às outras, a correr pelos campos ou a mergulhar nas águas, tão contentes e tão ágeis.
O vento pensava que o céu também era um campo por onde se podia correr.
A solidão leva a uma tristeza muito grande, aprendera o vento. Era preciso ter amigos, porque ninguém fica completo assim abandonado.
Os amigos, pensava com muita razão, nunca são perfeitos, mas a realidade é feita de aceitarmos os outros como eles são para que também nos aceitem como somos."
valter hugo mãe, A Verdadeira História dos Pássaros, QuidNovi:Lisboa, 2009
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