"inventaram um amor eterno, trouxeram-no em braços para o meio das pessoas e ali ficou, à espera que lhe falassem, mas ninguém entendeu a necessidade de sedução. pouco a pouco, as pessoas voltaram a casa convictas de que seria falso alarme, e o amor eterno tombou no chão, não estava desesperado, nada do que é eterno tem pressa, estava só surpreso. um dia, do outro lado da vida, trouxeram um animal de duzentos metros e mil bocas e, por ocupar muito espaço, o amor eterno deslizou para fora da praça, ficou muito discreto, algo sujo, foi como um louco o viu e acreditou nas suas intenções, carregou-o para dentro do seu coração, fugindo no exacto momento em que o animal de duzentos metros e mil bocas se preparava para o devorar"
valter hugo mãe, contabilidade - poesia 1996-2010,Editora Objectiva, 2010, p. 151
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