"Em Guimarães decorriam as conspirações, talvez não completamente votadas pelo fiel Egas Moniz, porque receoso de ver debatida a legitimidade do seu pupilo infante. Devia ser esta a carta com que jogava D. Teresa. Egas Moniz apressou-se a selar um pacto com Afonso VII, não por lealdade mas por prudência.
Todavia, D. Afonso Henriques, na verdura mocidade e irado pela demora da sua nomeação como senhor do seu território, declarou guerra a D. Teresa, pouco interessado se o fazia ou não segundo as regras da cavalaria. D. Teresa devia estar fora das terras de Portugal e ele ocupava o castelo de Guimarães com os seus fiéis. A oportunidade era preciosa e ele lançou-se para S. Mamede, onde teve, primeiro, fraco sucesso. Foi ao ver que ele saía derrotado que Egas Moniz, mandando ao ar o seu juramento, o foi ajudar, obtendo a vitória.
Não cabe, neste interregno entre a vinda de Afonso VII e a Batalha de S. Mamede, pouco mais do que um recontro de forças rivais, o episódio de Egas Moniz com a corda ao pescoço e a família descalça, para resgatar a sua palavra perante o rei Afonso VII."
Agustina Bessa-Luís, Fama e segredo na história de Portugal, Lisboa: Guerra e Paz Editores, 2010, pp. 37-8
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