"Amar não acaba. É como se o mundo estivesse à minha espera. E eu vou ao encontro do que me espera.
Espero em Deus não viver no passado. Ter sempre o tempo presente e, mesmo ilusório, ter algo no futuro.
O tempo corre, o tempo é curto: preciso me apressar, mas ao mesmo tempo viver como se esta minha vida fosse eterna. E depois morrer vai ser o final de alguma coisa fulgurante: morrer será um dos atos mais importantes da minha vida. Eu tenho medo de morrer: não sei que nebulosas e vias lácteas me esperam. Quero morrer dando ênfase à vida e à morte.
Só peço uma coisa: na hora de morrer eu queria ter uma pessoa amada por mim ao meu lado para me segurar a mão. Então eu não terei medo, e estarei acompanhada quando atravessar a grande passagem."
Clarice Lispector, "As três experiências", in A Descoberta do Mundo - Crónicas, Lisboa: Relógio d' Água, 2013, p. 137.
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