"sento-me em frente ao mar e aguardo uma ressurreição, um regresso qualquer ao corpo, ao coração, aos gestos, com sentido, das mãos, aos olhares cúmplices com as coisas vivas que me rodeiam, aguardo pacientemente que a vida reentre em mim e provoque um sismo, um estremecr de claridades, espero que se defina um caminho, uma direcção, um indício qualquer que me indique para onde devo ir, para onde devo virar o meu viver, a minha solidão repovoada. terrível silêncio este, envolvo-me nele como um /disfarce*/ esburacado, no entanto é a lucidez deste silêncio que me diz que ainda estou vivo."
Al Berto, Diários, Lisboa: Assírio & Alvim, 2012, p. 288
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