quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Heimweh



"O que desconheço : a casa. O modo como a encontrei de noite
As formas das coisas que vi quando observei a transparência
O vidro no fogo sofrendo a forma que o vai quebrar
(Vi que nada do que existe é inteiro)

Digo-o porque mo revelaram: uma é a claridade
Do sol. Outra a claridade da lua e outra a claridade
Das estrelas. Há ainda diferença de estrela para estrela
Na claridade. (Vi
Que tudo era igual à ressurreição dos mortos)

O que procurei: a claridade da morte
Ou precisando  –  se se pode regressar pelo mesmo
Caminho que se toma para casa

O que medito (na cela nocturna):
As diferenças da luz da candeia no homem
Quando desce

O que mais recordo: os degraus"

Daniel Faria, Poesia, Lisboa: Assírio & Alvim, 2012, p. 313 

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