segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Einfach das Leben...


"Aí estava diante de si - a vida. A vida: pensou, mas não concluiu o pensamento. Lançava um olhar à vida, pois dela tinha a nítida sensação, ali, algo de real, algo de privado (...) Uma espécie de pacto que se estabelecia entre ela e a vida, e estava tentando tirar da vida o melhor proveito, tal como dela tentava a vida tirar o melhor proveito; e, por vezes, conferenciavam (quando se sentava sozinha); havia, lembrava-se, grandes cenas de reconciliação; mas, na maior parte dos casos e de forma muito estranha, tinha de admitir que sentia essa coisa a que chamava vida como algo de hostil e terrível, pronta a lançar as garras sobre nós, se lhe dermos oportunidade. Havia os eternos problemas: o sofrimento; a morte; os pobres. Havia sempre uma mulher a morrer de cancro, aqui, à nossa beira."

Virgínia Woolf, Rumo ao farol, Lisboa: Relógio D'Água, 2008, p. 53

Sem comentários: