"Mas o episódio foi bom por me mostrar que, talvez um dia, o amor seria possível. Ao Outono seguiu-se o Inverno, e, tal como mandam os moinhos de Deus, depois veio a Primavera. A voz de Schwarzkopf ecoava na minha cabeça com as palavras da Primavera de Grieg: «mais uma vez aconteceu o milagre, mais uma vez me foi concedida a felicidade...»
Alguma coisa estava para acontecer. Mas ainda não seria o milagre. Os milagres não acontecem aos dezasseis anos. Nem aos dezoito, nem aos vinte; talvez nem aos trinta. E quanto à felicidade, essa coisa intangível, começavam a fazer sentido as palavras de Codorniz sobre a Terra Prometida vers laquelle on se hâte lentement. Apressamo-nos, de facto; mas lentamente."
Fredrico Lourenço, Amar não acaba, Lisboa: Edições Cotovia, 2004, p. 114
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