"Esta história podia não ter fim.
Bem sei que diz de lagos e de chuva
E o seu final se fecha com a chuva
Caindo sobre o lago.
Mas mesmo assim podia não ter fim.
E se continuasse, então que fosse
Um fim feliz, uma segunda história,
Espécie de coisa bela e irmanada
Sem amor decaindo e onde as duas
Se encontrassem por fim num terceiro país.
Por exemplo, o Japão. Agrada-me o Japão
Nesta minha função de contadora,
Pelo tom improvável e exótico.
Que seja no Japão o seu encontro.
Imaginemos pois uma viagem.
Vindas de lugares extremos,
Alguns anos depois
E o pequeno amor à sua volta ainda.
Vulneráveis ainda. E em silêncio.
(...)
Só encontrar um fim feliz por fim
A não dizer de lagos nem de chuva."
Ana Luísa Amaral, "Epílogo" in Ara, Porto: Sextante Editora, pp. 57, 63
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