"Subitamente, o seu rosto, sempre tão imperturbável, ganhou traços de tão estranha tensão que os seus olhos cinza-mar parecia estarem a ser sobrevoados por sombras de nuvem: «Que pena! Tinha tanta coisa para falar consigo!» E a partir deste momento certa agitação e inquietação mostraram que estava a pensar numa outra coisa qualquer ao mesmo tempo que dizia aquelas palavras. Algo que a absorvia e distraía irresistivelmente. Esta distracção parecia enfim perturbá-la deveras, pois após um silêncio repentinamente instalado, deu-me inesperadamente a mão: «Vejo não conseguir dizer-lhe com clareza aquilo que de facto gostaria de lhe dizer. Prefiro fazê-lo por escrito.»"
Stefan Zweig, Vinte e quatro horas na vida de uma mulher, Lisboa: A esfera dos livros, 2008, p. 22-3
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