Wenn du da wärest...

bastar-me-ia esta luz

Ein Lichtblick, diese Wörte, meine Stille

para comover a piedade dos deuses

Bitte schäl mich aus meinem Wort!

às vezes

na luz baça do dia

o som leve da tua voz

traça linhas fundas

na minha pele

e eu acredito

que não há diferença

que o amor é possível

às vezes

esta rude silhueta

confunde-se no traço

indefinido da palavra

e terna

e limpa

quase perfeita

quase humana

por um instante

te estende as mãos

às vezes

Auf den Weg nach Hause

e é assim
que na gélida manhã
deste Inverno
carrego meu corpo
cansado
para o silêncio
da minha solidão

Ich hoffe...

este azul de seda
ilude
recria
abraça
e eu desejo
não ter
de acordar

Nur weil es Weihnachten ist...

deixa que a fé

seja maior que o desgosto

e sê feliz

pela graça recebida

Liebeslied

porque o silêncio é o mais nobre

o medo agarra nas quatro pontas do azul

e esconde tranquilo o amor

Die blaue Blume von Novalis

por entre o azul
das rudes linhas
deste corpo
te encontro
e sonho
e minha alma
se enche de pétalas
e de branco

Mir würde eine Muschel gebracht

e depositaram-mo no areal
pleno de água e de sal

Zurück nach Hause...

porque eu acredito que percorremos, paralelamente, o mesmo caminho íngreme e doloroso, anseio a encruzilhada onde nos voltaremos a unir; porque eu acredito na extensão invisível do meu corpo e no calor intocável do meu sangue, distribuo a amplitude do meu sorriso para que se propague até à tua alma; porque eu acredito no poder criador do verbo, silencio as tragédias da minha humanidade

Tiefere Wunden schlug nun mir das Schweigen

e fosse eu
perfeita
e resgatar-te-ia
da penumbra
assim
recolho à concha
e escondo
e finjo
e existo

Du darfst nicht...

semeei serenamente
as linhas imperfeitas
deste corpo
estendi-as levemente
cerrei os olhos
e aguardei o teu regresso
é tarde
e a escuridão da minha noite
já não vê a luz
no doce embalo das tuas palavras
regresso à funda concha
choro
e adormeço

und es blitzten die Sterne... (von Tosca)

e brilhas
na noite
da minha treva
e quase sonho
quase acredito
mas acordo
e a ilusão
se desfaz

Mutlos 2

riscas a pedra
rabiscas um nome
traças as linhas
e partes
e cedo

Traurigkeit 3

serás alma
talvez
nem mais se espera
da tua ofuscada luz
mas
quando pintas assim o céu
meu coração parte
para a eternidade da tua dor

Anzeige der Menschen 1

sinais dos tempos
memória de vidas
fervilham
neste dia

MEINETWEGEN, DEINETWEGEN

e as palavras não são mais

que este aço que nos mascara

Bitte lach mich nicht aus!

para que me segues os passos
a essa distância dura e fria
se depois me cortas a voz
me quebras a asa ferida
para que me alimentas o dia
se no teu denso olhar de nós
são tão breves as horas
tão opaca a luz da despedida
eu já conheço a treva
a angústia o medo a dor
eu já perdi o sol
a chuva a neve o vento
agora sigo a água vazia
que afaga a leve morte
queima a mão de nívea
seca o corpo torpe

Auch wenn du mich nicht sehen willst...

às vezes na margem direita do mar

entre as sibilantes e as fricativas

grasnam gaivotas

e o som doce da tua imagem

enche o dia

Bitte, wirf mir nicht den Handschuh der Stille vors Hertz!

nestes dias de opaca presença
de passos dissimulados
em silêncio
te estendo o caminho

e regresso

de voz presa

nas mãos vazias

Ja es wäre so einfach...

e não ser somente um ponto
e arrastada por esta chuva de estrelas cadentes
adormecer…

Für Euch die Blumen, für mich die wehmütige Erinnerung

e o dia desce
assim
e cinza
e denso
funde-se
na minha alma

Tiefere Wunden als mir schlug dir das Schweigen

perdi os versos
o ritmo
a pena
perdi cada palavra
cada letra
cada som
e assim te encontrei

Die Sprache der Menschen oder der Turm von Babel

longos traços oblíquos
de fina treva
escondem as palavras
que interditas
se deixam revelar
na tua ausência

Mein Herbstkleid bist nun du

não durmo ainda
não
clamo a dor
da tua seca mão
do teu baço olhar
não durmo ainda
não
temo a palavra
do brusco gesto
da tua partida
mas não
não durmo ainda
deixo que o sol
me vista
antes do sono

Herbstfärbung

esta dor profunda
de querer florir
por entre as folhas mortas
deste doce Outono

Das würde ich dir gern sagen...

gostava de te contar
como me fazes falta
como me pesam os dias
da tua ausência
como me sufocam
as palavras que te não digo
gostava de te contar
mas na tua presença
os lábios se apertam
a voz desaparece
e baixo os olhos
que me traem
eu sei
o teu caminho é outro
e o meu
segue a corrente
da água estagnada

Ein Tot bist du der wandelt

caminhas
e na estrada seca
por entre as sombras
pisas a dor
susténs o soluço
afagas a imagem
e assim te encontro

Nun bist du mein Prinz...

faltam-te as flores
de pétalas caídas
e espinhos a sagrarem-te as mãos
faltam-te os versos
de rimas poéticas
e sons cadenciados de mel
falta-te o brilho
que realça o azul dos olhos
dos apaixonados
falta-te o toque suave
a voz trémula

a quem escapam as palavras

Immer noch in der Erinnerung...

para lá da alma
o som da água corrente
evaporando-se nos poros do meu corpo
aguardando a luz do teu ser

Es war ein zärtlicher Traum... nun ist es vorbei...

estão secas
as flores da tua promessa
e eu insisto neste caminho
de desencontros

Ein wundervoller Augenblick

lenta a corrente
que suave embala
o corpo já cansado
e lhe aviva a cor
por breves momentos
leda recordação
do dia

Traurigkeit 2

os ledos dias de ouro
mancharam-se de trevas
e gota a gota
destila a minha alma

Aber kein Wort wird gesprochen...

queria contar-te
baixinho
dos dias felizes
quando as palavras
te eram entregues
queria contar-te
bem suave
da luz e do calor
da tua voz imaginada
queria contar-te
quase sem voz
da presença doce
do teu corpo
queria contar-te

Dich zu lieben 3

ecos indefinidos
me invadem
e respiro a promessa
a harmonia
a fugacidade
da tua presença
ecos luminosos
transparentes
vestem-me a pele
seca do sol e do mar
limpa da suavidade
do teu toque

Darf ich träumen?

e em silêncio
os ramos se afastam
e deixam vislumbrar
a porta, ainda fechada,
da casa

Und es ist Sonntag

às vezes,
pela manhã,
o sol abre as portadas
da alma
e entra
e cresce
e brilha
como se fosse possível
acreditar

Diese Augen ...

secos
não de lágrimas
não da dor
não da mágoa
secos do sal
com que inundam a alma
estes olhos
nada esperam
nada sonham
vagueiam na memória
dos dias sombrios

Spiegelbild

eu não tenho essa alma
densa e pura
com que te afague os pesadelos
nem minha dor é leve e terna
para te suavizar o medo
o meu passo mesmo firme
não te alcança
nem minhas mãos desertas
te posso estender
eu já não sou mais que espectro
ou essa máscara opaca
nos teus longos caminhos

Für dich...

prometi ao vento as minhas lágrimas
ao sol o meu sorriso
à lua o brilho de meu olhar
e guardei as minhas parcas palavras

Neuer Anfang

para desfazer o nó
para entrançar a dor
para sorrir ao medo
e simplesmente
acreditar no amor

11/08/1984

o meu dia
a minha luz
o meu brilho
em troca
deste dia

In der Erinnerung...

será esse Verão
essa luz
essa água
que me despertará
nos sombrios dias
da tua ausência

So bist nun du...

nas pontas dos teus dedos
crescem lírios
e a sua luz desprende-se
no odor macio
do teu olhar
passa suavemente
o vento que o aconchega
no meu colo
e adormeço

Immer noch die Liebe...

desperto lentamente
e o ar doce acomoda-se
no meu olhar
estendo minhas mãos
de encontro à suavidade
da tua respiração

Einfach die Liebe 2

nestes dias de densa felicidade
o som da vida
é terna imagem da tua presença
e eu sonho e vivo

Einfach die Liebe 1

é leve o som da felicidade
transparente a mão do aconchego
mas quando partes
todo o universo estremece
na dor da tua ausência

Und sollst du noch kommen...

no imenso verde-azul
entre a respiração
e a avidez
o dia passa lentamente
na expectativa do teu regresso