(Foto de M.J.M., 08/2004)
"O Einar pediu: amanhã, ainda cedo, sobes ao cabeço. Perguntei porquê. Porque sim. Vou lá encontrar-me contigo e fugimos daqui. Vais. Claro que fujo. Sobes ao cabeço e esperas por mim. Se houver baleias, conta-as. Eu disse que nunca eram muitas. Ele sorriu. Achei que o Einar estaria mais sossegado. Pus-lhe a mão no peito. Sacudi. Lembras-te. Dizias que me sacudias a terra do coração. Tenho de fazer o mesmo contigo. Estás um bocado morto. Ele anuiu. E eu sorri."
valter hugo mãe, A Desumanização, Porto: Porto Editora, 2013, p.229