"O que desconheço :
a casa. O modo como a encontrei de noite
As formas das
coisas que vi quando observei a transparência
O vidro no fogo
sofrendo a forma que o vai quebrar
(Vi que nada do que
existe é inteiro)
Digo-o porque mo
revelaram: uma é a claridade
Do sol. Outra a
claridade da lua e outra a claridade
Das estrelas. Há
ainda diferença de estrela para estrela
Na claridade. (Vi
Que tudo era igual
à ressurreição dos mortos)
O que procurei: a
claridade da morte
Ou precisando – se
se pode regressar pelo mesmo
Caminho que se toma
para casa
O que medito (na
cela nocturna):
As diferenças da
luz da candeia no homem
Quando desce
O que
mais recordo: os degraus"
Daniel Faria, Poesia, Lisboa: Assírio & Alvim, 2012, p. 313