terça-feira, 6 de março de 2012

Wo bist du, mein Freund?


 
"- ouço-te não te vejo, pássaro de som, pelo céu em queda, e eu, surda para tudo o que não seja esse som, no ar vertiginoso."


"- Chora-se por alguém, chora-se, embora eu chore a olhar para mim a chorar, chora-se para que nos digam: não chores, ou para que nos oiçam, mas este choro não ouvido, este choro não visto, anónimo, só um corpo a chorar sem remédio, o choro omitido das desatenções, o choro esquecido no choro, nos seus meandros, mudez e surdez, este choro, sem lugar de choro, é a palavra última, apaga-se nela, este choro é a palavra que se apaga."


Rui Nunes, Grito, Lisboa: Relógio D'Água,1997, pp. 53, 40

Sem comentários: