segunda-feira, 25 de abril de 2016

Beleuchteter Weg



Unwiderstehlich




"Mas por vezes, muito raramente,surgem por aqui dias, durante os quais esta beleza se ergue, irrompe, nos interpela com um grito vigoroso, repleto de cores garridas fanaticamente cintilantes e, arremessando-nos triunfante o seu colorido de flores, resplandece, arde em sensualidade."

                           Stefan Zweig, Vinte e quatro horas na vida de uma mulher, Lisboa: A esfera dos livros, 2008, p. 71

sábado, 23 de abril de 2016

Gescheitert?






"Falhei, mas nunca a minha luz moléstia
Quebrou, que é haste ingente e vertical.
Assim as trevas são exteriores, 
Mas não habito o mundo do Sheol;
Ainda a minha luz parece um sol
No meio do ranger de muitas dores.
À luz desta verdade são mentiras
As minhas frustrações, rancores e iras."


                                                                                                      Daniel Jonas, Nó, Lisboa: Assírio & Alvim, 2014, p. 30

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Zehnte Stufe




"E o grande remédio era sobretudo entender que nada é para entender e o homem também. Há o espaço infinito sem nada que o limite e um raio que o atravessasse continuaria a atravessá-lo pela «eterna duração das eras» sem lhe atingir o termo e «sem que a distância a transpor fosse jamais diminuída». E aí o acaso da vida, dos vermes ao homem, às aves que fazem «cantar as folhas da floresta»."

                                                                                                                Vergílio Ferreira, na tua face, Lisboa: Bertrand Editora, 2000 , p. 143

Neunte Stufe




"Na amizade, muitas vezes, a distância é o lugar mais próximo e de maior proximidade, isto é, onde a presença do outro de tão inteira já não pode ser medida. Sendo um lugar cheio de saudade, esse é também um lugar feliz, porque aí sem cessar se regressa e avista."


Daniel Faria, O Livro do Joaquim, Quasi Edições: V. Nova de Famalicão, 2007, p. 77 


sexta-feira, 15 de abril de 2016

Vorabend 10



 "Chegar ao limite do olhar, ao limite da escuta,
limite da escalada: cascata de música infinita."


Agripina Costa Marques, “Tão incessante a busca como o acto da existência” in Os Outros. Antologia de Poesia Portuguesa: Anos 80 e depois . Lisboa: Editora Ausência, 2004, p.44.

Vorabend 9



"Tão incessante a busca como o acto da existência:
anular a distância que vai de estar a ser."

Agripina Costa Marques, “Tão incessante a busca como o acto da existência” in Os Outros. Antologia de Poesia Portuguesa: Anos 80 e depois . Lisboa: Editora Ausência, 2004, p.44.

sábado, 9 de abril de 2016

Niemand kommt...




"Não sei como é que os desgraçados se consolam viajando! Penso que a dor da alma venda aos olhos do rosto o que há belo na natureza, e na mudança das cenas dela. Só bem contempla, e folga de contemplar, o juízo que bem regula, e os sentidos desapaixonados e desprendidos de afectos, que manda connosco a mortificação da saudade."

Camilo Castelo Branco, Memórias do Cárcere, Lisboa: Parceria A. M. Pereira,2011, p.42

domingo, 3 de abril de 2016

Achte Stufe





"Era um telhado, onde está?
Janelas com adesivos, escadas
a que faltam degraus, portas
abrem para um desvão.
Havia uma varanda, alguém a desfez."

Pedro Mexia, A casa dos trinta  in Uma vez que tudo se perdeu, Lisboa: Tinta da China, 2015, p.15

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Vorabend 8



"Nunca árvore alguma daquelas lhe dera uma sugestão de beleza, levando-lhe ao espírito as grandes volúpias íntimas. Ali não existia mesmo a árvore. Existia o emaranhado vegetal, louco, desorientado, voraz, com alma e garras de fera esfomeada. Estava de sentinela, silencioso, encapotado, a vedar-lhe todos os passos, a fechar-lhe todos os caminhos, a subjugá-lo no cativeiro. Era a grande muralha verde e era a guarda avançada dos arbustos que vinham crescer em redor da cacimba e, degolados pelo terçado de Firmino, brotavam de novo, numa teima absurda e alucinante."

Ferreira de Castro, "A Selva", Lisboa: Cavalo de Ferro, 2014, pp. 144-5