"Agora tenho frio. Aceito a provação.
Se é de ânimo que se faz qualquer
destino, não sei, ainda não.
Se pedes um abraço, quem sabe
se te possa receber, levar-te
pela mão, desbaratar sorrisos,
ter a habilidade que não tenho
nesse momento preciso.
Ou tudo se transforme. Quem sabe
se em despedida, ou viagem breve.
Eu, se entardecer, quando muito
apenas prometo nada. Ou esperar
e oferecer-te, à chegada,
este soneto em forma errada."
Helga Moreira, "Agora tenho frio. Acito a provação" in Os Outros. Antologia de Poesia Portuguesa: Anos 80 e depois . Lisboa: Editora Ausência, 2004, p. 252
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