"O meu Presépio não tem Estrela
nem pastores
nem Reis Magos
e não há musgos verdes e macios
sobre a rocha da gruta.
O meu Presépio não tem flores de papel
nem bonecos de barro
nem casinhas de cartolina.
E não há espelhos a fazer de lagos
nem farinha branca a traçar caminhos.
O meu Presépio não tem luzes de mil cores
nem Anjo de asas de renda
nem um Menino Jesus a sorrir para mim.
Assim era outrora
o meu Presépio na sala toda iluminada
no tempo em que eu usava bibe cor-de-rosa
e duas traças morenas.
O meu Presépio
agora
tem o tamanho do mundo inteiro
e não tem luzes de mil cores
nem estrelas no azul
e não há bonecos de barro
nem anjos de asas de renda,
mas há noites de angústia
e manhãs sem esperança
em casas feitas de lata,
em casas feitas de caniço.E há crianças sujas
com um sorriso triste
que me faz doer.
Pudesses voltar!,
Menino Jesus do meu Presépio de criança."
Leonilda Alfarrobinha, Poema de Natal, in "de natal em busca", Ed. Pássaro de Fogo, 2006, pp. 65-6
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